O CEERIA está no centro de Alcobaça. Visitei-o num destes
dias. Sob chuviscos que teimavam em cair, percorri os vários espaços interiores
e exteriores, acompanhada pelos seus dirigentes e duas técnicas. Fiquei a saber
que este Centro de Educação Especial, Reabilitação e Integração de Alcobaça
apoia cerca de 500 pessoas com deficiências e incapacidade e suas famílias. A
sua importância como estrutura social no concelho é de tal ordem grandiosa que
qualquer descrição que dela pudesse fazer seria insuficiente. Por isso falo
apenas do sol que encontrei em cada rosto com que me cruzei. Falo do João Carreira,
e da forma como me apresentou os vestidos que concebe para as passagens de
modelos. São vestidos feitos de mar, de areia e de folhas. Autênticas obras de
arte. Falo também da Carolina, que é uma grande atleta, a correr e a cantar na
passadeira do ginásio. E da Tânia, que me emprestou a tartaruga que tinha junto
do coração na sala de relaxamento. Não me posso ainda esquecer do grupo
fantástico que conduzia uma canoa na sala de ginástica. O Rodrigo ia à frente e
segurava o remo. Atrás, a empurrar, a Ana Sofia, a Mónica e o Paulo Zé. De repente
a canoa partiu-se. A professora prontamente uniu as partes e a aventura continuou.
Conheci ainda o Vânio, a festejar os dezoito anos na piscina terapêutica. Depois
de um mergulho, batemos palmas. Fantástico. Como ficou feliz. Na oficina de
Azulejo, colada numa porta, a notícia: o CEERIA alcançou o 1.º lugar de
escultura no 6.º Concurso Nacional “Reabilitar através da Arte”, com um
trabalho intitulado “A bicicleta”. Outros prémios virão, a adivinhar pelos
projetos que os vários artistas ali faziam.
Foram estes, entre muitos outros, os rostos de sol que
encontrei num dia chuvoso e nublado.
No final, recebi o boletim informativo do CEERIA, onde li,
na primeira página, o seguinte: “muitos dos jovens a quem dirigimos a nossa
atenção não têm os corpos ágeis e vigorosos, que todos nos forçamos por
possuir. Algumas destas pessoas têm corpos que não queremos olhar, corpos que
nos perturbam, dos quais nos afastam porque nos fazem sofrer… e todos nós temos
medo do sofrimento”. Mas também li que “se nos permitirmos aproximar do que nos
causa medo, do que não queremos ver ou tocar, confrontar-nos-emos com o que não
foi possível até aí e «portas de esperança se abrirão»”.
Este é, de facto, o caminho.
Região de Cister, 23.01.2014