domingo, 26 de janeiro de 2014

Deolinda


 

 O mundo pequenino dos Deolinda fez vibrar o Cine-Teatro no último sábado. Casa cheia, boa disposição, muitas palmas. Duas jovens não resistiram ao ritmo das letras e músicas de Pedro da Silva Martins e dançaram no corredor. Este impulso mostra que, de facto, foi difícil manter pequenino o mundo grande dos Deolinda, um mundo de histórias que sublimemente contaram e cantaram.
Uma das histórias passou-se em Joanesburgo. Contou Ana Bacalhau que, ao decidirem ir cantar a esta cidade, foram avisados dos muitos perigos ali existentes. Não deveriam, pois, andar sozinhos na rua, falar com estranhos, sair do hotel, etc., etc. O medo foi tanto que resolveram não se afastar do local onde estavam hospedados. Sucedeu que arriscaram e foram a uma loja de tecidos. De repente, viram alguém a acenar-lhes ao longe. Resolveram disfarçar que não tinham reparado no indivíduo que teimava em fazer os mais diversos sinais. Mas este, sem desistir, foi-se aproximando. Os Deolinda, cheios de medo, apressaram-se a entrar no carro e quando estavam prestes a fugir, eis que o presumível gatuno lhes disse que queria devolver uma nota, porque tinha caído de um deles. Este episódio deu origem à canção “Medo de Mim”.
É assim um disparate ter-se medo. E foi sem medo que os Deolinda pisaram o palco do Cine-Teatro e abriram um ano de espetáculos que muito promete e para os quais estão todos convidados. Há que ouvir as histórias que os artistas têm para nos contar. A arte, mais do que ilusão ou ficção, é a realidade que nos faz sentir vivos e felizes. Sem medo.
Tinta Fresca, 20.01.2014
http://www.tintafresca.net/News/newsdetail.aspx?news=48a92951-f1c5-423e-aa11-db011cc0c965&edition=159

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