Uma das histórias passou-se em Joanesburgo. Contou Ana
Bacalhau que, ao decidirem ir cantar a esta cidade, foram avisados dos muitos perigos
ali existentes. Não deveriam, pois, andar sozinhos na rua, falar com estranhos,
sair do hotel, etc., etc. O medo foi tanto que resolveram não se afastar do
local onde estavam hospedados. Sucedeu que arriscaram e foram a uma loja de
tecidos. De repente, viram alguém a acenar-lhes ao longe. Resolveram disfarçar
que não tinham reparado no indivíduo que teimava em fazer os mais diversos
sinais. Mas este, sem desistir, foi-se aproximando. Os Deolinda, cheios de
medo, apressaram-se a entrar no carro e quando estavam prestes a fugir, eis que
o presumível gatuno lhes disse que queria devolver uma nota, porque tinha caído
de um deles. Este episódio deu origem à canção “Medo de Mim”.
É assim um disparate ter-se medo. E foi sem medo que os
Deolinda pisaram o palco do Cine-Teatro e abriram um ano de espetáculos que
muito promete e para os quais estão todos convidados. Há que ouvir as histórias
que os artistas têm para nos contar. A arte, mais do que ilusão ou ficção, é a
realidade que nos faz sentir vivos e felizes. Sem medo.
Tinta Fresca, 20.01.2014http://www.tintafresca.net/News/newsdetail.aspx?news=48a92951-f1c5-423e-aa11-db011cc0c965&edition=159
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