domingo, 15 de maio de 2011

Solução para os problemas

O problema, a questão difícil, o entrave, a dificuldade, que precisa de um tratamento racional para ser resolvido, chega a casa de todos, sela ela palácio ou casebre.

Chegou a França, país orgulhoso de si, que gosta de manter no exterior a imagem condizente com o seu nível sócio-cultural e económico...

Chegou a França e manchou a sua imagem.

E chegou, não trazida pelo vento, mas por um nome sonante da esquerda francesa, de um apoiante do povo, crente na igualdade de oportunidades, na justiça, no bem comum, na união da Europa.

Dominique Strauss-Kahn surge hoje na comunicação social não por ser o presidente do FMI e candidato à presidência da França nas eleições de 2012 mas sim porque foi preso em Nova Iorque por agressão sexual. Foi denunciado por uma funcionária de um hotel, a alegada vítima.

Ele criou um problema na vida desta mulher de 32 anos. Ela, denunciando o crime, também lhe criou um problema.

O problema de Strauss-Kahn é fácil de resolver. A imprensa de hoje adiantou uma pista para a solução: embora de esquerda, Strauss-Kahn gosta de ostentação e de riqueza. Ou seja, tem dinheiro, muito dinheiro. Pode pagar cauções e contratar os melhores advogados.

Já a funcionária de hotel, a que foi agredida sexualmente, jamais conseguirá resolver o problema que viveu. O horror, a humilhação, a violência física e psicológica que a assolaram não têm remédio.

O político que defendia o povo virou-se contra ele. Sim, porque ela é uma das do povo, das que Strauss-Kahn teoricamente protegia nos congressos e campanhas, como forma de fazer currículo profissional e político. Contudo, a realização das ideias de justiça, verdade e solidariedade caíram por terra, na prática, dentro de um hotel, longe das luzes da ribalta.

Não haverá equidade na resolução destes dois problemas criados hoje, simplesmente porque um caiu num palácio e o outro num casebre.

Os problemas que surgem nos palácios resolvem-se. Basta pintar as paredes com tinta fresca. Os que aparecem nos casebres corroem as paredes, sendo estas de carne e osso.

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