Dezanove anos. Chamava-se Bernardo. Bombeiro em Carregal do
Sal. Filho único. Morreu ao serviço de todos nós, vítima da força do fogo
cruel. Foi a sétima vítima. Antecedeu a morte de um outro bombeiro, desta vez
de Miranda do Corvo. Até agora, foram oito as vidas ceifadas pelo fogo.
O país, sempre que recebe a
notícia da morte de um bombeiro, sente uma dor imensa. Chora com as famílias
das vítimas. Questiona a justiça nesta vida. Como é possível tal acontecer? São
homens e mulheres que, voluntariamente, acorrem a salvar as florestas, os campos
agrícolas, as povoações, as casas onde vivemos. Como é possível que uma ação
tão nobre os conduza à morte?
Por muito que tente, o país jamais
conseguirá enaltecer a ação dos milhares que este ano, mais uma vez, avançaram
contra as chamas. Ou esquecer os que partiram, corações nobres, solidários,
valorosos, que representam o que de mais humano há na sociedade. Contudo, a dor
aumenta quando percebemos que os incêndios não dependem diretamente da falta de
meios. São um problema social, de resolução difícil. Falo dos “incendiários”, aqueles
que por vingança, por estupidez, por doença resolvem atear a fogueira fatídica.
Falo dos adolescentes e jovens que andam à deriva, sem acompanhamento, sem
atenção, sem objetivos. Falo dos irresponsáveis que lançam foguetes, ignoram a
limpeza dos solos, queimam lixo indevidamente. Falo dos que se maravilham com
as sirenes, as câmaras de televisão e toda a envolvência do fogo-fátuo no mágico
ecrã. Assim sendo, os incêndios são um problema da sociedade, que requer a intervenção
de todos. Essa intervenção reside na educação cívica, na transmissão de
valores, na vigilância permanente dos que necessitam de apoio, na ajuda ao
próximo. A essa intervenção chamo “ação social”, que, no fundo, é a ação humana
com preocupações sociais. É a ação que cabe a todos nós desenvolver, sejamos polícias,
psicólogos, autarcas, professores, pais… simples cidadãos. Para podermos sentir
como nossa a dor dos que partem ao serviço da humanidade, temos de desempenhar
o nosso papel na prevenção do problema que os faz partir.
15.09.2013
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